15 janeiro 2014

Eu me perdi em meus a meus sonhos

Era uma criança, uma menina, uma mocinha; sonhava alto, alto no romance tradicional, sonhava em ser independente, em morar sozinha, ter um amor para sair à noite, dormirmos juntos e no outro dia eu continuar na minha casa sozinha à espera dele para mais uma noite sensacional. Sonhava muito, sonhava demais, sonhei tanto que me perdi nos sonhos. Fui sonhando, andei degraus, continuava sonhando, fui subindo, subindo, subindo...

Até que um dia despertei do sonho e lá estava ela, crescida, amadurecida, sofrida, cheia de problemas, fria, desapegada, infeliz, sem futuro, sem destino, sem saída. Eu a vi e não quis aceitá-la. Não, me neguei a aceitar que ela, logo ela que sonhou tanto estivesse daquele jeito. Ela era eu. Um modo de mim que não me pertencia, um modo que eu não queria enxergar e tinha medo do que pudesse se tornar. Eu lutei. Lutei, pois duvidei que eu, menina imatura, alegre, cheia de esperanças, carinhosa, apegada, feliz, com um futuro brilhante, com o destino traçado e com uma bela história por construir, estivesse tão distante de mim mesma. Fui lutando e luto até hoje. 


Quero ocupar os espaços vazios, quero superar os defeitos desse meu outro lado, quero tentar viver como uma menina em um mundo onde meninas não são mais aceitas. Brigo todos os dias para me definir de uma vez, sinto-me aprisionada a tantos defeitos e qualidades, que um vive superando o outro a todo instante, e é nesse meio termo que as pessoas me desconhecem, um dia sou fogo no outro gelo, um dia sou flores no outro espinho, um dia sou sorrisos no outras lágrimas, um dia sou carente no outro autossuficiente, um dia sou sorte no outro azar. Foi esse o motivo que fez eu finalmente perceber que ninguém conseguirá entender o meu jeito, nem aceitá-lo, foi aí que eu coloquei o coração para hibernar. Tá aí, pela primeira vez estou dando razão a aquela parte de mim que eu luto em rejeitar, a parte de mim que se perdeu em meio aos meus sonhos.  

Comente com o Facebook: